quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Aprendendo a voar. II

Egito! Que coisa mais linda. Começar pela África era no mínimo questão de raciocínio. Letras são a base da sobrevivência investigatória. Leena já foi dizendo para mim:
-Eu escondi uma carta, do seu irmão de consideração. Você tem que encontrar esta. E uma dica: está num lugar vivo, movimentado e óbvio.
Dizendo isto, ela colocou fones de ouvido e se desligou do mundo. Durante toda viagem eu não parava de pensar em onde achar esta carta. Podia ser numa feira, ou no aeroporto, ou nos correios. Pousamos, peguei um mapa turístico, e vi um lugar com um vermelho, onde se treinavam aves de rapina e pombos correios. E logo pensei que era ali. Ótimo! Então disse para Leena que queria ir para lá. Ela me levou em silêncio. Que guia diferente este que o papai contratou, mas não era um guia, era uma instrutora. Era bem perto, e logo chegamos.
Era imenso! Foi então que comecei a pensar nas dicas. Um lugar vivo, movimentado e óbvio. Entrei na casa das  aves já treinadas, e nada encontrei. Se era um lugar de vida, deveria ser nas salas das chocadeiras. Entrei e vi muitos pombos, águias e aves raras. Todas tinham nomes. E a primeira chamava Antoine. Porque uma ave egípcia tinha nome francês? Logo suspeitei. e perguntei, se estava ali, Leena só acenou com a cabeça dizendo que não. Mas eu tinha uma convicção: A carta estava na sala das águias, afirmava com toda certeza pra mim mesmo.
Leena já estava mais solta comigo. Me respondia até as perguntas que eu não fazia,  as que eu tinha vontade de fazer, mas não fazia. Ela me levou até as salas das águias. Lá haviam muitos treinadores de águias. E eu nem sabia, para que treinavam estas. E obviamente tinha um garoto loiro lá. Obviamente! Me entende? Fui sem pestanejar até ele e disse para Leena perguntar sobre a carta para ele. Ela me disse então, que ele falava inglês, então eu conversei com ele:
-Olá, como você chama? -Perguntei, por educação.
-Olá! Isto não importa. Eu preciso te dar algo.
-Uma carta?
-Não! O endereço do cemitério.
Não respondi. Fiquei calado. Me senti idiota. Meu irmão sempre foi mestre em (con)tradições. E então eu fiquei abismado. Leena pediu um taxi e fomos lá. Num túmulo de mármore cinzenta clara. Que obviamente era a cor da mesa onde colocamos as contas e cartas do correio. Fui lá, e tinha uma folha bem no meio. Era a carta de Ralf. Meu irmão-bebê-professor. Li umas duas ou três vezes até o vento me atrapalhava a entender. Ralf sabia ser misterioso. Minha mente ficou empoada, no bom sentido, no sentido figurado.  E minha mente foi (trans)ferida, empurrada a força para o nível dois. Foi então que eu chamei Leena, e pedi para que ela me trouxesse o segundo enigma.
Agora eu já sabia voar, e fazer uma manobra (...)