sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Pagamento.

Eu era uma garota loira bem popular no bairro e  com muita auto-estima. Não esnobe, eu acho. Juro que luto pela paz mundial. Acontece que eu tenho um probleminha. Acontece que eu sou problemática. E tenho vergonha de contar por quê. Mas quer saber? Eu vou. Mas antes eu preciso contar uma história:
Era uma vez um rapaz, alto, carregado de charme e lindo, que tomou minha atenção como num filme adolescente, de tal maneira que meu queixo caiu na primeira vez que o vi. Aquele sorriso, aquela voz, que todos conhecem. Todos não. Só os adolescentes e jovens ou profissionais do ramo. E para melhorar: Ele jogava basquete.
Conversei com ele no jogo. Eu era líder de torcida como em qualquer história clichê por ai. Mas  a minha tem uma diferença bem grande: Ele vive feliz para sempre, e eu também. Porém bem separados um do outro.
Eu sempre fui boa para conversar, eu tinha o dom da palavra, convicção era uma ferramenta básica para o meu problema. Loucura, dons do mal. Marcamos de sair, sexta às sete. Isso sim é clichê. E chegamos, eu usava um vestido branco e rosa, e ele usava terno claro. Que lindo. Depois saímos de carro, fomos a praia e sabe, eu parecia conhecê-lo a muito tempo. Minha sede problemática começou a aparecer. Parecia maluca. Eu o induzi a levá-lo para cama. E como qualquer jogador de basquete por ai ele aceitou. Chegamos e quando eu já estava sem minhas vestimentas, usei meu pingente bem no meio da sua artéria. Vesti as roupas, pulei a janela. E bati na porta dele, como se eu estivesse o visitando agora. Seu pai atendeu e me disse:
-Você é a garota que vai sair com o Tomas?
-Sou eu sim, ele está ai?
-Deve estar no quarto. Vou chamá-lo.

E voltou aos prantos.
-Meu filho! Meu filho!
-O que houve?- Disse com voz convincente.
-Venha ver, o Tomas está morto! Alguém o matou, com uma faca eu acho. Oh não!
-Não, tenho fobia por sangue. Se foi uma facada, o quarto deve estar encharcado. Mas... mas, como assim? Por que? Eu não entendo, eu gosto, digo, gostava tanto dele. Não pode ser.
-Ele está morto. Eu vi. Não tem chance, hora de aceitar. Vou ligar para a funerária. -Disse com expressão depressiva.
Eu comecei a me sentir terrivelmente bem. Começou a chover. E o pai do Ex-Tomas pediu para que eu dormisse ali. O carro que ia buscar o tomas chegou. E buscou ele. Abracei o pai do falecido. Como se não houvesse depois-de-amanhã.  Pois não haveria. No outro dia. Fomos ao enterro. Toda a escola estava lá. Eu até consegui chorar. Mas não era tempo para choro. Tomas estava feliz. Entende o que é final feliz? O pai de Tomas me trouxe em casa. Tudo fazia parte de conceito  (i)moral no momento. Eu provei que nem todo mundo é (i)mortal. Coloquei funções aos (pre)fixos. Foi isso que eu fiz.
O pai dele me deixou em casa. Lar, doce lar! Me abraçou em frente a árvore que servia de pique na minha infância. Beijou minha testa, me abraçou e eu abracei mais forte. Como se eu não quisesse soltar. Convenci ele a entrar em casa. Pela porta dos fundos. Chegamos na cozinha. Servi um copo de água. E disse estar indo no banheiro. Fui no meu quarto. Peguei minha singela arma de fogo. E Atirei no meio da cabeça. Coloquei ele no carro e o joguei no rio. E depois fui buscar meu prêmio. Fim.
 Sim, eu estava sendo paga. Esse é o meu trabalho, uso os problemas da minha mente para solucionar os da minha vida.
-E então doutor? Acha que posso me curar? Este é meu problema, sou psicopata. Acho isso errado, mas persisto. Trabalho com isto. Eu posso me curar?
-Pode. Mas antes tenho que me certificar de que não vai me matar.
Dizendo isso ele pegou meu pingente. E pediu pra eu ir morar na casa dele. Ele confiava em mim. Eu não me curei. Mas com certeza nunca vou matar o mestre.