terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O castelo (in)finito.

Sem medo de procurar as pontas da minha adorável grande casa eu vivia sempre com um pé na frente. Eu poderia ter usado a expressão pé atrás, a questão é que minha casa era realmente gigante.
E se saber é sua pretensão, começou assim: Eu nasci e fui logo pra um orfanato, era legal. É que minhas 'mãe's por aluguel eram humanas, não bastasse o fato totalmente incoerente de eu não ter uma mãe materna de sangue bem materno mesmo sabe? "Materno!" Tenho medo de usar esta palavra, me trás lembranças... minto, não me trás lembrança alguma. Continuando, com dois anos eu fui adotado pela minha mamãe de criação e pelo meu papai legal, ela não me conta quem é, porque para mim ela é a Mona e meu papai o Papai mesmo. E como eu moro num castelo, exuberante, gigante, bonito com uma escada infinita e um quarto redondo eu vivo feliz. Feliz entre aspas, afinal sempre vai dominar em mim o vazio de encontrar minha mãe, a materna me compreende?
Afirmo que é imaturo falar com estranhos, entenda que não sei nem com quem falo. Sou irresponsável, não entendo tampouco porque exponho meus pensamentos num papel. Não! Isso aqui não é um diário, é um pacote de folhas nas quais escrevo o que eu penso, pensei e pensarei, aqui eu coloco verbos e eles param em algum lugar do meu quarto.
Agora se me permite vou novamente descobrir mais minha casa, minha vida, minhas coisas (...)

Ralf Stein, 9 anos