quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Notícia.


Era uma vez, uma garota plena de saúde, beleza, energia e felicidade, cheia de amor para dar e receber,  sem esquecer de uma alta condição financeira de seus pais. Seu nome era Isabela, tinha dezenove anos e cursava medicina. Isabela tinha um talento sem fim quando o assunto era culinária, tanto que, ela fazia os bolos de aniversário da família, os almoços de domingo e até mesmo os churrascos nos dias de futebol. Todos os dias, Isabela escrevia em seu diário o seu dia por completo, em detalhes, dizia ela que era muito feliz, e que se um dia ficasse triste, usaria suas lembranças como remédio. O seu irmão era jogador de futebol, formado em engenharia, ao caso da fama acabar. Ele jogava num time bem famoso na europa, e sempre que Cauã  entrava em campo, seus pais e Isabela viam o jogo pela TV, como se fosse a Copa do Mundo.
Foi na faculdade que Isabela conheceu Diego, um escritor infame, cantor, pianista de uns quarenta anos e muito sábio, a tal ponto que Isabela começou a adotá-lo como segundo pai. Ele não estudava nada,  era o bibliotecário usando de voluntariado. Triste época, Isabela esqueceu de ver um jogo de Cauã, e bem no jogo que ele fez um gol para ela. Motivo: Estava na biblioteca. Acontece que as pessoas interessantes conseguem prender a atenção de quem quer que esteja a frente, é como uma colisão entre um caminhão e uma moto. Como uma transfusão utilizando sangue O. Diego tinha a chave da escola, era amigo de quase toda a faculdade, e sabia mais de medicina que  Isabela,  e nem tinha nível superior. Sorte dele ter lido todos aqueles livros, aprendeu a tocar piano lendo, Isabela estudou desde os 9 anos, na melhor escola da cidade, e perdia feio se comparada a Diego.  E é por isso que ele era líder da sociedade secreta da região, uma sociedade do bem, que visava as boas ações, a felicidade, o amor ao próximo e et cetera. Era uma sociedade que fazia o bem sem ser olhada. Afinal, dizem que contradições positivas fazem bem em dobro. Foi embaraçoso este envolvimento repentino, ninguém entendia. Isabela mudou e muito conhecendo Diego, dizem que ela passou a abrir os olhos, o mundo afora, é gigantesco, e abrir os olhos desperta sede de descobertas. Agora ela já não parava em casa, e às vezes nem dormia. Não era rebelde com os pais, os tratava com educação, porém alegava ter aprendido a voar. E ela aprendeu mesmo. Conheceu o filho do Diego e se apaixonou por ele, e simplesmente terminou com o seu namorado, que ficou obviamente arrasado.
E o tempo passou. O natal chegou, Isabela participou de tudo, fez o jantar, a ceia e tudo como mandava a sua tradição. Participou do amigo oculto e tudo mais. Mas no dia 26, a notícia já esperada:
-Mãe, quero passar o ano novo na praia.
-Mas filha, nós passamos todos os anos de mãos dadas, até o seu primeiro ano foi assim. Por favor, a sua família não é importante?
-Eu sei, e é por isso que eu quero variar, quando só se faz uma coisa, não se sabe se isto é o melhor realmente. Quero ter certeza.
-Se é o que você quer... Que seja filha, não vou abrir nenhuma discussão com você, posso ver com clareza a definição do seu olhar.

E assim ocorreu. O ano novo chegou, e mal batiam seis horas da tarde e Isabela já tinha ido para a praia. Às horas foram passando, os pensamentos de arrependimento e felicidade caiam e se misturavam como terra e areia na mente de Isabela. E então, os fogos de artifício anunciam que o ano novo está presente. Deixando fluir um laço eterno de epifanias. Tanto na praia, quando na casa de Isabela.
Fim.

-Bom filho, esta é a história de hoje. Como amanhã é fim de ano, quero que aprenda que não é só a sua felicidade que importa. - Disse eu após acabar de contar a história.
-Coitada da Isabela, ela não fez por mal. Acho que ela não tem culpa.
-É filho, nessas horas o importante é pensar duas vezes, mas não só em si.
-É mesmo mamãe, você é inteligente sabe. Quero ser como você. O que vamos fazer amanhã?
-Vamos esperar que seja um bom ano. E que o mesmo irradie felicidade a todos. E deixe bem claro que  as conclusões estão cheias de justiça. -Conclui, dando um beijo na testa do meu bebê, dando boa noite e um dez como nota na disciplina mais importante (...)